sexta-feira, 14 de maio de 2010

Às seis da noite saio de casa.
Chego a padaria e peço: 'Por favor, cinco cervejas e dois maços de free!'
Opa, eu não deveria peir pão e queijo? Foda-se!
Então percebo que é noite, percebi também que estava de óculos escuros.
Para que comprar pão??
Pão vai me fazer deitar a cabeça no travesseiro e dormir?
Não.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Recife, 23 de janeiro de 2010

Caro F.

Há meses venho elaborando o texto do expurgo, mas vinha protelando exatamente por não saber o que escrever e como escrever. hoje, num sábado lento e sonolento, eu lembrei de você e do passado. Tenho lembrado muito do passado e você foi eleito uma das melhores lembranças. Aliás, você foi eleito o grande amor platônico da minha vida.
Sabe o ditado 'depois da tempestade vem a bonança'? Mentira.
Vem uma calmaria dos infernos... calmaria me dá desespero. Fiquei meses em desespero, até chegar o dia de hoje e eu entender outras coisas.
Eu lembro que você gostava quando eu dizia o que eu andava fazendo, dizia pra você detalhes desagradáveis de todos os meus dias. Você, pacientemente, ouvia.
Tornei-me quase a mesma criatura pela qual você se apaixonou. E agora eu ando em corredores desertos e faço análise, mas me sinto sozinha e tenho medo de sentir sozinha do mesmo jeito. Continuo fumando meus problemas, você nem imagina o quanto... ou melhor... eu acho que você imagina sim. Eu lembro de você fazer o mesmo, quando você sentia desespero.
Saí da poça de lama que havia se tornado minha vida e quero fazer tudo diferente...
Pra sentir as mesmas coisas, eu sei, mas diferente.
Queria ver notícias suas chegarem, mas não me sinto digna delas, afinal, você e o platonismo que eu tenho. Não sei até hoje que segurança é essa que eu sempre procurei me mantendo longe de você. Eu sou estúpida e sempre fui, temo ainda, que vá sempre ser. eu nunca vi você duvidar da minha sinceridade em minha estupidez.
Acho que nesse mundo inteiro, só você consegue entender o que eu falo, mesmo quando eu falo tudo ao contrário. Você acreditava em mim... isso ainda é verdade?
Não quero lembrar do amor que recebi, ou que não deixei você me dar e o deixei envenenando você, apenas para me sentir viva de novo.
Quero apenas me certificar de que eu ainda sou capaz de despertar sentimentos como os que você dedicava a mim, e não apenas histeria e imbecilidades de criança.
Era apenas uma carta para dizer a você que eu ainda lembro.
Obrigada.

Ana.